Por Hellen Perucci
Na última segunda-feira, 25 de janeiro, a tragédia ambiental e humanitária de Brumadinho completou dois anos. Nesse dia, a barragem da Mina do Córrego do Feijão, controlada pela Vale, rompeu com 12,7 milhões de metros cúbicos de lama. No total, foram 270 vítimas entre funcionários da mineradora, terceirizados e moradores de Brumadinho. 11 pessoas ainda não foram encontradas.
Segundo o último boletim da Agência Nacional de Mineração (ANM) publicado no dia 11/01/2021, das 47 barragens em nível de emergência, 42 estão localizadas no estado de Minas Gerais. Dentre elas: Forquilha IV (Ouro Preto) em nível 1; Doutor (Ouro Preto/Antônio Pereira) e Forquilhas I e II (Ouro Preto) que estão no nível dois de emergência; e a Forquilha III no nível máximo de emergência, o terceiro. Todas essas estruturas são de responsabilidade da mineradora Vale.
Barragem Doutor – Antônio Pereira
Com mais de 35 milhões de metros cúbicos de minério (quase três vezes mais que a barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho), a barragem de Doutor está classificada no nível dois de emergência. Nesse nível, há uma necessidade de reparação que ainda não foi realizada, mas que a empresa responsável ainda pode controlar e apenas pessoas que moram nas Zona de Auto Salvamento (ZAS) são evacuadas. Segundo a empresa, das 144 famílias de Antônio Pereira e Vila Samarco moradoras de áreas de risco, 137 já foram realocadas.
Moradores de Antônio Pereira, que permanecem no distrito, vivem a incerteza e o medo. A moradora Lucilene Matias, de 39 anos, foi cadastrada em junho do ano passado para uma eventual remoção como disse na reunião do dia 19, entre atingidos e a Prefeitura de Ouro Preto, mas não foi realocada. Conta como o processo está sendo difícil para ela e sua família: “É muito doloroso! A nossa vida acabou. A dos vizinhos acabou. Temos uma obra para fazer em casa e não podemos fazer. E a gente não faz porque não se sabe o dia de amanhã. Um barulho que a gente escuta, a gente já abre a janela. A gente já olha com medo, uma sirene que a gente escuta… então é muito horrível, é um pânico que a gente vive no dia a dia”.
A moradora Cida Rosa, da Vila Samarco, deu seu depoimento com tristeza sobre a obrigatoriedade de ter que sair de sua casa, também na reunião que aconteceu no dia 19 de janeiro: “Nós estamos pedindo socorro! Não pensem vocês que porque eu estou removida, que eu tenho minha vida de volta não”. A moradora completou: “Eu estou removida sim, mas não pensem vocês que eu estou feliz. Estou falando em nome de todos os atingidos. Todos os removidos vocês podem ter certeza, eles não estão felizes. Eu não pude terminar a casa que paguei com tanto esforço”.
A Vale afirmou que mantém o diálogo constante e construtivo com os representantes legítimos das comunidades realocadas de Antônio Pereira, órgãos competentes, poder público e instituições de justiça para compensar os impactos provocados e conduzir ao retorno da rotina para a vida das pessoas.
Atualmente, a barragem de Doutor está na primeira fase de descaracterização em que um vertedouro ou canal extravasor está sendo construído. A previsão de conclusão dessa etapa da obra é para o final de 2021.
Em Antônio Pereira e na Vila Samarco são disponibilizados pontos de informação. Para saber sobre locais e horários: o número é o 0800 031 0831 e também em www.vale.com/ouropreto.
A Defesa Civil de Ouro Preto não retornou nossos contatos até o fechamento desta matéria.
Itabirito/ Ouro Preto – Forquilhas I, II III e IV
A Barragem Forquilha IV encontra-se no nível 1 de emergência, ou seja, quando alguma anormalidade é encontrada e pode ser contornada, ou quando a legislação exige adequações. Forquilhas I e II estão no nível 2 de emergência, assim como a barragem Doutor. Já a Forquilha III encontra-se no nível 3 em que a barragem está se rompendo ou pode se romper a qualquer momento e os cuidados de evacuação são estendidos às áreas secundárias.
Em Itabirito, 11 famílias foram realocadas no ano de 2019, devido a elevação do nível de segurança das barragens Forquilhas I e III. Já em 2020, com o aumento das Zonas de Auto Salvamento, outras seis famílias foram evacuadas preventivamente em decorrência do aumento das ZAS das barragens I, II, III e IV, segundo a empresa.
De acordo com a Defesa Civil de Itabirito, para a proteção da população um muro de contenção de 98 metros está sendo construído no ribeirão Mata Porcos, divisa entre os municípios de Ouro Preto e Itabirito. Dentro da cidade, existem quatro pontos de acolhimento em escolas municipais e estaduais que funcionam 24 horas em caso de emergência. São 14 veículos de emergência e 13 pontos de encontro fora das áreas de mancha hipotética com sinalização dos pontos de encontro e dos locais seguros.
Nos aspectos econômicos, a prefeitura ressalta que devido ao aumento do risco de rompimento das barragens com potencial de atingir a cidade, o mercado local se mantém em alerta. Afirma ainda que não houve impactos econômicos para o município, especialmente pelo fato de, no mesmo período, a mineração local ter voltado a produzir, o que resultou em aumento no recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
Em nota, a Vale reforça que todas as suas barragens são monitoradas permanentemente por dois modernos Centros de Monitoramento Geotécnicos (CMG) em Minas Gerais, além de inspeções em campo, manutenções, monitoramento por radares, estações robóticas, câmeras de vídeo com inteligência artificial e por instrumentos, como piezômetros manuais e automatizados, drones de inspeção, radar satelital e geofones (sensores para medir ondas sísmicas).
Utilidade pública
No site https://www.gov.br/anm/pt-br é possível acompanhar e se informar sobre as barragens do Brasil. Os níveis de risco de cada uma delas, os relatórios anuais de segurança, os laudos de estabilidade e outras informações referentes à mineração no país.
Por Hellen Perucci
Na última segunda-feira, 25 de janeiro, a tragédia ambiental e humanitária de Brumadinho completou dois anos. Nesse dia, a barragem da Mina do Córrego do Feijão, controlada pela Vale, rompeu com 12,7 milhões de metros cúbicos de lama. No total, foram 270 vítimas entre funcionários da mineradora, terceirizados e moradores de Brumadinho. 11 pessoas ainda não foram encontradas.
Segundo o último boletim da Agência Nacional de Mineração (ANM) publicado no dia 11/01/2021, das 47 barragens em nível de emergência, 42 estão localizadas no estado de Minas Gerais. Dentre elas: Forquilha IV (Ouro Preto) em nível 1; Doutor (Ouro Preto/Antônio Pereira) e Forquilhas I e II (Ouro Preto) que estão no nível dois de emergência; e a Forquilha III no nível máximo de emergência, o terceiro. Todas essas estruturas são de responsabilidade da mineradora Vale.
Barragem Doutor – Antônio Pereira
Com mais de 35 milhões de metros cúbicos de minério (quase três vezes mais que a barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho), a barragem de Doutor está classificada no nível dois de emergência. Nesse nível, há uma necessidade de reparação que ainda não foi realizada, mas que a empresa responsável ainda pode controlar e apenas pessoas que moram nas Zona de Auto Salvamento (ZAS) são evacuadas. Segundo a empresa, das 144 famílias de Antônio Pereira e Vila Samarco moradoras de áreas de risco, 137 já foram realocadas.
Moradores de Antônio Pereira, que permanecem no distrito, vivem a incerteza e o medo. A moradora Lucilene Matias, de 39 anos, foi cadastrada em junho do ano passado para uma eventual remoção como disse na reunião do dia 19, entre atingidos e a Prefeitura de Ouro Preto, mas não foi realocada. Conta como o processo está sendo difícil para ela e sua família: “É muito doloroso! A nossa vida acabou. A dos vizinhos acabou. Temos uma obra para fazer em casa e não podemos fazer. E a gente não faz porque não se sabe o dia de amanhã. Um barulho que a gente escuta, a gente já abre a janela. A gente já olha com medo, uma sirene que a gente escuta… então é muito horrível, é um pânico que a gente vive no dia a dia”.
A moradora Cida Rosa, da Vila Samarco, deu seu depoimento com tristeza sobre a obrigatoriedade de ter que sair de sua casa, também na reunião que aconteceu no dia 19 de janeiro: “Nós estamos pedindo socorro! Não pensem vocês que porque eu estou removida, que eu tenho minha vida de volta não”. A moradora completou: “Eu estou removida sim, mas não pensem vocês que eu estou feliz. Estou falando em nome de todos os atingidos. Todos os removidos vocês podem ter certeza, eles não estão felizes. Eu não pude terminar a casa que paguei com tanto esforço”.
A Vale afirmou que mantém o diálogo constante e construtivo com os representantes legítimos das comunidades realocadas de Antônio Pereira, órgãos competentes, poder público e instituições de justiça para compensar os impactos provocados e conduzir ao retorno da rotina para a vida das pessoas.
Atualmente, a barragem de Doutor está na primeira fase de descaracterização em que um vertedouro ou canal extravasor está sendo construído. A previsão de conclusão dessa etapa da obra é para o final de 2021.
Em Antônio Pereira e na Vila Samarco são disponibilizados pontos de informação. Para saber sobre locais e horários: o número é o 0800 031 0831 e também em www.vale.com/ouropreto.
A Defesa Civil de Ouro Preto não retornou nossos contatos até o fechamento desta matéria.
Itabirito/ Ouro Preto – Forquilhas I, II III e IV
A Barragem Forquilha IV encontra-se no nível 1 de emergência, ou seja, quando alguma anormalidade é encontrada e pode ser contornada, ou quando a legislação exige adequações. Forquilhas I e II estão no nível 2 de emergência, assim como a barragem Doutor. Já a Forquilha III encontra-se no nível 3 em que a barragem está se rompendo ou pode se romper a qualquer momento e os cuidados de evacuação são estendidos às áreas secundárias.
Em Itabirito, 11 famílias foram realocadas no ano de 2019, devido a elevação do nível de segurança das barragens Forquilhas I e III. Já em 2020, com o aumento das Zonas de Auto Salvamento, outras seis famílias foram evacuadas preventivamente em decorrência do aumento das ZAS das barragens I, II, III e IV, segundo a empresa.
De acordo com a Defesa Civil de Itabirito, para a proteção da população um muro de contenção de 98 metros está sendo construído no ribeirão Mata Porcos, divisa entre os municípios de Ouro Preto e Itabirito. Dentro da cidade, existem quatro pontos de acolhimento em escolas municipais e estaduais que funcionam 24 horas em caso de emergência. São 14 veículos de emergência e 13 pontos de encontro fora das áreas de mancha hipotética com sinalização dos pontos de encontro e dos locais seguros.
Nos aspectos econômicos, a prefeitura ressalta que devido ao aumento do risco de rompimento das barragens com potencial de atingir a cidade, o mercado local se mantém em alerta. Afirma ainda que não houve impactos econômicos para o município, especialmente pelo fato de, no mesmo período, a mineração local ter voltado a produzir, o que resultou em aumento no recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
Em nota, a Vale reforça que todas as suas barragens são monitoradas permanentemente por dois modernos Centros de Monitoramento Geotécnicos (CMG) em Minas Gerais, além de inspeções em campo, manutenções, monitoramento por radares, estações robóticas, câmeras de vídeo com inteligência artificial e por instrumentos, como piezômetros manuais e automatizados, drones de inspeção, radar satelital e geofones (sensores para medir ondas sísmicas).
Utilidade pública
No site https://www.gov.br/anm/pt-br é possível acompanhar e se informar sobre as barragens do Brasil. Os níveis de risco de cada uma delas, os relatórios anuais de segurança, os laudos de estabilidade e outras informações referentes à mineração no país.