Vale anuncia que vai fechar 10 barragens semelhantes à de Brumadinho
Gabriel Ferreira, Michelle Borges e Rodolfo Simões
O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, anunciou, nesta terça-feira, em entrevista coletiva, que vai eliminar as dez barragens, que ainda existem no país, construídas com método semelhante às de Mariana e Brumadinho. Todas ficam em Minas Gerais. Essas barragens são chamadas de barragens a montante, no qual a barragem vai subindo na forma de degraus, de acordo com o volume dos rejeitos. O alteamento delas é feito com o próprio rejeito e em direção à barragem. Especialistas em mineração alegam que elas são as mais comuns e mais baratas.
Segundo Schvartsman, a empresa tinha 19 barragens funcionando por esse sistema, mas nove já estavam desativadas. Para fazer a desativação das dez que restaram, a Vale precisará suspender a produção por medida de segurança. Serão descomissionadas quatro estruturas do complexo Vargem Grande, que são: Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá - e cinco do Paraopeba: Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira.
De acordo com a empresa, todas elas já estão desativadas e se distribuem por cinco cidades. A lista inclui também a represa de rejeitos da Mina do Córrego do Feijão, onde ocorreu o rompimento da barragem, na última sexta-feira.
A decisão da empresa foi apresentada ao Ministério das Minas e Energia e ao governador de Minas, Romeu Zema.
O presidente da Vale informou, ainda, que os projetos estão prontos e serão enviados para licenciamento ambiental à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) nos próximos 45 dias. Logo após a concessão, terá início, de forma imediata, o processo de descomissionamento. A estimativa é de que os trabalhos levem no mínimo um ano e máximo de três, dependendo das características de cada estrutura.
Schvartsman disse que, com a suspensão das atividades das minas que ficam perto das barragens a serem descomissionadas, a Vale deixará de produzir 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano. Além disso, segundo ele, esse corte representa cerca de 10% da produção anual da Vale. A companhia também vai ter de reduzir a produção em cerca 10 milhões de toneladas de pelotas (pequenas bolinhas feitas a partir de minério de ferro fino, usadas na fabricação de aço).
Segundo o presidente da mineradora, há laudos de auditorias recentes dizendo que todas as estruturas estão em perfeita estabilidade: "Resolvemos não aceitar apenas esses laudos e decidimos agir de outra maneira".
Agência Nacional de Mineração
Segundo a Agência Nacional de Mineração, responsável pela fiscalização das barragens, o Brasil tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios - semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana. O governo federal usa apenas os laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas.
A autorregulamentação é definida pela Lei Federal 12.334/2010, e é adotada também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da Agência Nacional de Mineração.
Buscas
Hoje (30), às 4h, foram retomadas as buscas por vítimas do rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho. Segundo o Corpo de Bombeiros, até a noite desta terça-feira (29), 84 mortes foram confirmadas, com identificação de 42 pessoas, e outras 276 continuam desaparecidas.
Participam dos trabalhos 290 militares, sendo 120 de Minas Gerais e os outros de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Pedro Aihara, confirmou ontem à noite a chegada de uma equipe do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina. A previsão é de que a equipe chegue às quatro da tarde, desta quarta-feira. A equipe do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina vai atuar por oito dias consecutivos, quando será substituída por outra equipe do mesmo estado. A alternância vai persistir até o final das operações.
Além disso, Brumadinho também vai receber um caminhão de ajuda humanitária, três viaturas para locais de difícil acesso, seis bombeiros especializados em áreas deslizadas e um veterinário especializado em desastres.
Repasse da Vale
Nesta quinta-feira (31), a mineradora Vale dá início ao cadastro das famílias para realizar o repasse de R$ 100 mil para aqueles que perderam ou estão com entes desaparecidos no rompimento da barragem em Brumadinho.
De acordo com Sérgio Leite, porta-voz do Comitê de Respostas Rápidas da Vale, os postos de atendimentos estarão na Estação Conhecimento e no Centro Comunitário de Feijão. Inicialmente, as doações acontecerão para as famílias de vítimas registradas na lista da segunda-feira (28). Na listagem estão funcionários da mineradora, terceirizados e moradores da comunidade.
Após o cadastro das famílias, Sérgio diz que o depósito acontecerá em até três dias. O porta-voz ainda destacou que as doações não serão abatidas numa futura indenização. “Os R$ 100 mil é uma doação da Vale”.
O valor que será depositado é referente a cada vítima, ou seja, se uma família perdeu dois parentes, ela receberá R$ 200 mil. Os atendimentos acontecerão, amanhã, de 14 às 18h, e nos próximos dias de 8h às 18h.
Moradores de Saramenha se reúnem com representantes da Hindalco
Preocupados também com a situação das barragens em Minas Gerais, moradores do bairro Saramenha, em Ouro Preto, se reúnem, hoje, a partir de 19h, com representantes da Hindalco, responsáveis pela barragem de Marzagão, em Ouro Preto.
Em dezembro do ano passado, a Hindalco Brasil inaugurou o primeiro sistema de rejeito a seco da região dos inconfidentes. O filtro possui capacidade de 298 toneladas por hora e representa uma economia de 360 mil litros de água por dia, que é reaproveitada pela empresa. O novo sistema já está funcionando e irá substituir a barragem de resíduos de Marzagão, de forma gradativa.
No encontro com a comunidade, representantes da Hindalco explicam para a comunidade como está o andamento do novo processo de rejeitos. O encontro é aberto a toda comunidade.
Vale anuncia que vai fechar 10 barragens semelhantes à de Brumadinho
Gabriel Ferreira, Michelle Borges e Rodolfo Simões
O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, anunciou, nesta terça-feira, em entrevista coletiva, que vai eliminar as dez barragens, que ainda existem no país, construídas com método semelhante às de Mariana e Brumadinho. Todas ficam em Minas Gerais. Essas barragens são chamadas de barragens a montante, no qual a barragem vai subindo na forma de degraus, de acordo com o volume dos rejeitos. O alteamento delas é feito com o próprio rejeito e em direção à barragem. Especialistas em mineração alegam que elas são as mais comuns e mais baratas.
Segundo Schvartsman, a empresa tinha 19 barragens funcionando por esse sistema, mas nove já estavam desativadas. Para fazer a desativação das dez que restaram, a Vale precisará suspender a produção por medida de segurança. Serão descomissionadas quatro estruturas do complexo Vargem Grande, que são: Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá - e cinco do Paraopeba: Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira.
De acordo com a empresa, todas elas já estão desativadas e se distribuem por cinco cidades. A lista inclui também a represa de rejeitos da Mina do Córrego do Feijão, onde ocorreu o rompimento da barragem, na última sexta-feira.
A decisão da empresa foi apresentada ao Ministério das Minas e Energia e ao governador de Minas, Romeu Zema.
O presidente da Vale informou, ainda, que os projetos estão prontos e serão enviados para licenciamento ambiental à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) nos próximos 45 dias. Logo após a concessão, terá início, de forma imediata, o processo de descomissionamento. A estimativa é de que os trabalhos levem no mínimo um ano e máximo de três, dependendo das características de cada estrutura.
Schvartsman disse que, com a suspensão das atividades das minas que ficam perto das barragens a serem descomissionadas, a Vale deixará de produzir 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano. Além disso, segundo ele, esse corte representa cerca de 10% da produção anual da Vale. A companhia também vai ter de reduzir a produção em cerca 10 milhões de toneladas de pelotas (pequenas bolinhas feitas a partir de minério de ferro fino, usadas na fabricação de aço).
Segundo o presidente da mineradora, há laudos de auditorias recentes dizendo que todas as estruturas estão em perfeita estabilidade: "Resolvemos não aceitar apenas esses laudos e decidimos agir de outra maneira".
Agência Nacional de Mineração
Segundo a Agência Nacional de Mineração, responsável pela fiscalização das barragens, o Brasil tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios - semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana. O governo federal usa apenas os laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas.
A autorregulamentação é definida pela Lei Federal 12.334/2010, e é adotada também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da Agência Nacional de Mineração.
Buscas
Hoje (30), às 4h, foram retomadas as buscas por vítimas do rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho. Segundo o Corpo de Bombeiros, até a noite desta terça-feira (29), 84 mortes foram confirmadas, com identificação de 42 pessoas, e outras 276 continuam desaparecidas.
Participam dos trabalhos 290 militares, sendo 120 de Minas Gerais e os outros de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Pedro Aihara, confirmou ontem à noite a chegada de uma equipe do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina. A previsão é de que a equipe chegue às quatro da tarde, desta quarta-feira. A equipe do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina vai atuar por oito dias consecutivos, quando será substituída por outra equipe do mesmo estado. A alternância vai persistir até o final das operações.
Além disso, Brumadinho também vai receber um caminhão de ajuda humanitária, três viaturas para locais de difícil acesso, seis bombeiros especializados em áreas deslizadas e um veterinário especializado em desastres.
Repasse da Vale
Nesta quinta-feira (31), a mineradora Vale dá início ao cadastro das famílias para realizar o repasse de R$ 100 mil para aqueles que perderam ou estão com entes desaparecidos no rompimento da barragem em Brumadinho.
De acordo com Sérgio Leite, porta-voz do Comitê de Respostas Rápidas da Vale, os postos de atendimentos estarão na Estação Conhecimento e no Centro Comunitário de Feijão. Inicialmente, as doações acontecerão para as famílias de vítimas registradas na lista da segunda-feira (28). Na listagem estão funcionários da mineradora, terceirizados e moradores da comunidade.
Após o cadastro das famílias, Sérgio diz que o depósito acontecerá em até três dias. O porta-voz ainda destacou que as doações não serão abatidas numa futura indenização. “Os R$ 100 mil é uma doação da Vale”.
O valor que será depositado é referente a cada vítima, ou seja, se uma família perdeu dois parentes, ela receberá R$ 200 mil. Os atendimentos acontecerão, amanhã, de 14 às 18h, e nos próximos dias de 8h às 18h.
Moradores de Saramenha se reúnem com representantes da Hindalco
Preocupados também com a situação das barragens em Minas Gerais, moradores do bairro Saramenha, em Ouro Preto, se reúnem, hoje, a partir de 19h, com representantes da Hindalco, responsáveis pela barragem de Marzagão, em Ouro Preto.
Em dezembro do ano passado, a Hindalco Brasil inaugurou o primeiro sistema de rejeito a seco da região dos inconfidentes. O filtro possui capacidade de 298 toneladas por hora e representa uma economia de 360 mil litros de água por dia, que é reaproveitada pela empresa. O novo sistema já está funcionando e irá substituir a barragem de resíduos de Marzagão, de forma gradativa.
No encontro com a comunidade, representantes da Hindalco explicam para a comunidade como está o andamento do novo processo de rejeitos. O encontro é aberto a toda comunidade.