Cobertura especial sobre o rompimento da barragem em Brumadinho - Prefeito Júlio Pimenta fala sobre barragens em Ouro Preto
Gabriel Ferreira, Michelle Borges e Rodolfo Simões
Na última sexta-feira (25), a barragem 1 do complexo Mina do Feijão, da mineradora Vale, se rompeu em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Cerca de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério despencaram da barragem, atingindo a área administrativa da Vale, comunidades da região, e o rio Paraopeba, na Bacia do Rio São Francisco. Essa barragem que se rompeu é chamada de barragem à montante, mesmo tipo da barragem de Fundão, em Mariana. O alteamento delas é feito com o próprio rejeito e em direção à barragem. Especialistas em mineração alertam que elas são as mais comuns e mais baratas.
Ontem (27), a Justiça Mineira bloqueou 5 bilhões de reais da Vale para garantir auxílio às vítimas do desastre. Esse foi o 3º pedido de bloqueio de valores de contas da empresa. No sábado (26), o Ministério Público solicitou o bloqueio de outros R$ 5 bilhões de reais para reparação de danos ambientais. No mesmo dia, um pouco mais cedo, a Advocacia-Geral de Minas entrou com o pedido de bloqueio de R$ 1 bilhão para auxílio das vítimas. No total, agora são 11 bilhões de reais bloqueados.
A Vara do Trabalho de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, bloqueou, na madrugada desta segunda-feira (28), mais R$ 800 milhões nas contas da mineradora Vale. O pedido foi feito pelo Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais (MPT), em ação cautelar. De acordo com a determinação, a decisão é para assegurar as indenizações necessárias a todos os atingidos, empregados diretos ou terceirizados.
O IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, confirmou, na tarde de sábado (26), a aplicação de uma multa no valor de R$ 250 milhões à Vale, pela ruptura da barragem. De acordo com o órgão, os danos ao meio ambiente resultaram até o momento em 5 autos de infração, no valor de R$ 50 milhões de reais cada, valor máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais.
Segundo o IBAMA, foram aplicados os seguintes artigos: causar poluição que possa resultar em danos à saúde humana; tornar área urbana ou rural imprópria para a ocupação humana; causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento de água; provocar, pela emissão de efluentes ou carregamento de materiais, o perecimento de espécimes da biodiversidade; e lançar rejeitos de mineração em recursos hídricos.
Vale e bombeiros divergem quanto ao número de barragens rompidas. Segundo a empresa, apenas 1 barragem, a de número 1, se rompeu, e uma outra pode ter transbordado ao receber o excesso de material da primeira. Já o Corpo de Bombeiros afirma que foram 3 barragens rompidas, e não apenas 1. Segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz dos Bombeiros, o rompimento da 1ª barragem acabou sobrecarregando as outras 2, que romperam em seguida. A chamada Barragem 1, epicentro da tragédia, foi construída em 1976 e não recebia material há pelo menos três anos. Segundo o site da Vale, o beneficiamento do minério na unidade é feito a seco.
Número de mortos sobe para 60
As autoridades atualizaram, na manhã desta segunda, o número de mortos e desaparecidos. 19 corpos foram identificados, 192 pessoas foram encontradas com vida e há 292 desaparecidos. Já o número de mortes chega a 60.
Prefeitos de Ouro Preto e Mariana estiveram em Brumadinho
Na manhã de sábado, o prefeito de Ouro Preto, Júlio Pimenta, publicou em suas redes sociais que estava em Brumadinho dando apoio e “solidarizando com a população e familiares. Ainda de acordo com o prefeito, a busca se deu por informações de algumas pessoas desaparecidas que são de Ouro Preto ou que tem familiares na cidade. São eles:
– Bruno Eduardo Gomes
– Elis Marina da Costa
– Lúcio Mendanha
– Wenderson Ferreira Passos
Júlio Pimenta também falou sobre as barragens que estão em Ouro Preto. Segundo ele, “para a barragem do Marzagão, em Saramenha de Cima, que é de responsabilidade da empresa Hindalco, foi inaugurado ano passado um grande e moderno filtro prensa dando outra destinação ao rejeito e com isso permitirá que a barragem seja desativada”.
Ainda de acordo com a nota, o prefeito afirmou que na barragem da Vale, no distrito de Antônio Pereira, foram feitas no ano passado vistorias e simulados de emergência, e que, diante dessa nova tragédia em Brumadinho, pretende-se garantir juntos aos órgãos competentes que essa barragem nunca seja alteada e se possível também que seja desativada*.
O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, também esteve em Brumadinho, no último sábado, prestando solidariedade pelo rompimento da barragem do Feijão. A assessoria da Prefeitura de Mariana informou que realiza um levantamento e estima-se que até o momento 8 pessoas do município estejam envolvidas entre as vítimas de tragédia. Os nomes não foram confirmados até o fechamento desta edição do Jornal.
Solidariedade
O Brasil inteiro está se solidarizando com Brumadinho e várias campanhas para arrecadar mantimentos foram criadas. No entanto, representantes de Defesa Civil de Minas já informaram que os gêneros alimentícios e os demais itens arrecadados até o momento são o suficiente para atender a demanda da população atingida pela barragem. Sendo assim, no momento não é necessária a doação de donativos.
Em nota divulgada ontem, a Vale afirma que: “A empresa já disponibilizou acomodações para mais de 800 pessoas, além de 40 ambulâncias e um helicóptero para resgate. Para o acolhimento e identificação das vítimas, empregados e voluntários atuam nos postos de atendimento. Foram providenciados também 3 caminhões pipa, 500 kits de higiene pessoal, 200 lanches e 200 quilos de ração animal.”
A Prefeitura de Brumadinho e o Programa Voluntariado do Banco do Brasil estão recolhendo doações em dinheiro para a campanha “Ajude Brumadinho”.
Atenção aos dados bancários!
Agência: 1669-1 (Brumadinho MG)
Conta Corrente: 200-3 (SOS Brumadinho)
CNPJ: 18.363.929/0001-40
Segundo o banco, a gestão dos recursos serão compartilhadas. Hoje (28), haverá uma reunião entre o Banco do Brasil, a Prefeitura de Brumadinho, o Ministério Público e a Justiça local, para discutir a aplicação dos recursos e a prestação de contas.
A Caixa Econômica Federal também pretende abrir uma conta corrente para receber as doações, no entanto, os dados bancários ainda não foram divulgados.
As autoridades alertam também para o risco de campanhas falsas solicitando doações em dinheiro. O Ministério Público do estado divulgou um alerta com sites falsos e está recebendo denúncias pelo e-mail: crimedigital@mpmg.mp.br
Comitês
Na noite deste domingo (27), foi realizada uma reunião extraordinária pelo Conselho Administrativo da Vale. Foram criados dois Comitês independentes que serão coordenados e compostos por membros externos. A equipe do primeiro Comitê será responsável pelo acompanhamento às vítimas e à recuperação da área atingida pela barragem. O segundo Comitê vai apurar as causas e os responsáveis pelo rompimento da barragem. A empresa também suspendeu a Política de Pagamentos aos Acionistas e o pagamento de remuneração variável aos executivos.
Resgate de animais
O Ministério Público de Minas Gerais está cobrando da mineradora Vale, de forma imediata, o resgate dos animais isolados na região de Brumadinho. A companhia também foi acionada para que garanta “a provisão de alimento, água e de cuidados veterinários aqueles animais cujo resgate não for tecnicamente recomendável”.
No documento encaminhado à mineradora são citados danos ambientais, sociais e humanos imensuráveis para a área em Brumadinho. O plano de ação deverá contar com um profissional especializado do Comando da Operação de Resgate dos Bombeiros e da Defesa Civil.
A companhia também precisará dispor de “equipe técnica qualificada, preferencialmente habilitada em manejo ecológico” ao realizar o trabalho de busca, resgate e cuidados dos animais.
Voluntários da ONG IDDA de Ouro Preto e Mariana, representantes de ONGs, instituições, ativistas, políticos eleitos pela causa Animal, que atuaram junto aos Bombeiros e Polícia Militar na tragédia de Mariana, que ocorreu em 2015, estão em Brumadinho para apurar de perto a situação dos animais que resistem atolados e sem resgate.
Nossa equipe tentou contato com a ONG para informações sobre os resgate dos animais. Acompanhe nas próximas edições do Jornal da Real (7h e 12h).
*A nota está disponível no Facebook, na página oficial do Prefeito
Cobertura especial sobre o rompimento da barragem em Brumadinho - Prefeito Júlio Pimenta fala sobre barragens em Ouro Preto
Gabriel Ferreira, Michelle Borges e Rodolfo Simões
Na última sexta-feira (25), a barragem 1 do complexo Mina do Feijão, da mineradora Vale, se rompeu em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Cerca de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério despencaram da barragem, atingindo a área administrativa da Vale, comunidades da região, e o rio Paraopeba, na Bacia do Rio São Francisco. Essa barragem que se rompeu é chamada de barragem à montante, mesmo tipo da barragem de Fundão, em Mariana. O alteamento delas é feito com o próprio rejeito e em direção à barragem. Especialistas em mineração alertam que elas são as mais comuns e mais baratas.
Ontem (27), a Justiça Mineira bloqueou 5 bilhões de reais da Vale para garantir auxílio às vítimas do desastre. Esse foi o 3º pedido de bloqueio de valores de contas da empresa. No sábado (26), o Ministério Público solicitou o bloqueio de outros R$ 5 bilhões de reais para reparação de danos ambientais. No mesmo dia, um pouco mais cedo, a Advocacia-Geral de Minas entrou com o pedido de bloqueio de R$ 1 bilhão para auxílio das vítimas. No total, agora são 11 bilhões de reais bloqueados.
A Vara do Trabalho de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, bloqueou, na madrugada desta segunda-feira (28), mais R$ 800 milhões nas contas da mineradora Vale. O pedido foi feito pelo Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais (MPT), em ação cautelar. De acordo com a determinação, a decisão é para assegurar as indenizações necessárias a todos os atingidos, empregados diretos ou terceirizados.
O IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, confirmou, na tarde de sábado (26), a aplicação de uma multa no valor de R$ 250 milhões à Vale, pela ruptura da barragem. De acordo com o órgão, os danos ao meio ambiente resultaram até o momento em 5 autos de infração, no valor de R$ 50 milhões de reais cada, valor máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais.
Segundo o IBAMA, foram aplicados os seguintes artigos: causar poluição que possa resultar em danos à saúde humana; tornar área urbana ou rural imprópria para a ocupação humana; causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento de água; provocar, pela emissão de efluentes ou carregamento de materiais, o perecimento de espécimes da biodiversidade; e lançar rejeitos de mineração em recursos hídricos.
Vale e bombeiros divergem quanto ao número de barragens rompidas. Segundo a empresa, apenas 1 barragem, a de número 1, se rompeu, e uma outra pode ter transbordado ao receber o excesso de material da primeira. Já o Corpo de Bombeiros afirma que foram 3 barragens rompidas, e não apenas 1. Segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz dos Bombeiros, o rompimento da 1ª barragem acabou sobrecarregando as outras 2, que romperam em seguida. A chamada Barragem 1, epicentro da tragédia, foi construída em 1976 e não recebia material há pelo menos três anos. Segundo o site da Vale, o beneficiamento do minério na unidade é feito a seco.
Número de mortos sobe para 60
As autoridades atualizaram, na manhã desta segunda, o número de mortos e desaparecidos. 19 corpos foram identificados, 192 pessoas foram encontradas com vida e há 292 desaparecidos. Já o número de mortes chega a 60.
Prefeitos de Ouro Preto e Mariana estiveram em Brumadinho
Na manhã de sábado, o prefeito de Ouro Preto, Júlio Pimenta, publicou em suas redes sociais que estava em Brumadinho dando apoio e “solidarizando com a população e familiares. Ainda de acordo com o prefeito, a busca se deu por informações de algumas pessoas desaparecidas que são de Ouro Preto ou que tem familiares na cidade. São eles:
– Bruno Eduardo Gomes
– Elis Marina da Costa
– Lúcio Mendanha
– Wenderson Ferreira Passos
Júlio Pimenta também falou sobre as barragens que estão em Ouro Preto. Segundo ele, “para a barragem do Marzagão, em Saramenha de Cima, que é de responsabilidade da empresa Hindalco, foi inaugurado ano passado um grande e moderno filtro prensa dando outra destinação ao rejeito e com isso permitirá que a barragem seja desativada”.
Ainda de acordo com a nota, o prefeito afirmou que na barragem da Vale, no distrito de Antônio Pereira, foram feitas no ano passado vistorias e simulados de emergência, e que, diante dessa nova tragédia em Brumadinho, pretende-se garantir juntos aos órgãos competentes que essa barragem nunca seja alteada e se possível também que seja desativada*.
O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, também esteve em Brumadinho, no último sábado, prestando solidariedade pelo rompimento da barragem do Feijão. A assessoria da Prefeitura de Mariana informou que realiza um levantamento e estima-se que até o momento 8 pessoas do município estejam envolvidas entre as vítimas de tragédia. Os nomes não foram confirmados até o fechamento desta edição do Jornal.
Solidariedade
O Brasil inteiro está se solidarizando com Brumadinho e várias campanhas para arrecadar mantimentos foram criadas. No entanto, representantes de Defesa Civil de Minas já informaram que os gêneros alimentícios e os demais itens arrecadados até o momento são o suficiente para atender a demanda da população atingida pela barragem. Sendo assim, no momento não é necessária a doação de donativos.
Em nota divulgada ontem, a Vale afirma que: “A empresa já disponibilizou acomodações para mais de 800 pessoas, além de 40 ambulâncias e um helicóptero para resgate. Para o acolhimento e identificação das vítimas, empregados e voluntários atuam nos postos de atendimento. Foram providenciados também 3 caminhões pipa, 500 kits de higiene pessoal, 200 lanches e 200 quilos de ração animal.”
A Prefeitura de Brumadinho e o Programa Voluntariado do Banco do Brasil estão recolhendo doações em dinheiro para a campanha “Ajude Brumadinho”.
Atenção aos dados bancários!
Agência: 1669-1 (Brumadinho MG)
Conta Corrente: 200-3 (SOS Brumadinho)
CNPJ: 18.363.929/0001-40
Segundo o banco, a gestão dos recursos serão compartilhadas. Hoje (28), haverá uma reunião entre o Banco do Brasil, a Prefeitura de Brumadinho, o Ministério Público e a Justiça local, para discutir a aplicação dos recursos e a prestação de contas.
A Caixa Econômica Federal também pretende abrir uma conta corrente para receber as doações, no entanto, os dados bancários ainda não foram divulgados.
As autoridades alertam também para o risco de campanhas falsas solicitando doações em dinheiro. O Ministério Público do estado divulgou um alerta com sites falsos e está recebendo denúncias pelo e-mail: crimedigital@mpmg.mp.br
Comitês
Na noite deste domingo (27), foi realizada uma reunião extraordinária pelo Conselho Administrativo da Vale. Foram criados dois Comitês independentes que serão coordenados e compostos por membros externos. A equipe do primeiro Comitê será responsável pelo acompanhamento às vítimas e à recuperação da área atingida pela barragem. O segundo Comitê vai apurar as causas e os responsáveis pelo rompimento da barragem. A empresa também suspendeu a Política de Pagamentos aos Acionistas e o pagamento de remuneração variável aos executivos.
Resgate de animais
O Ministério Público de Minas Gerais está cobrando da mineradora Vale, de forma imediata, o resgate dos animais isolados na região de Brumadinho. A companhia também foi acionada para que garanta “a provisão de alimento, água e de cuidados veterinários aqueles animais cujo resgate não for tecnicamente recomendável”.
No documento encaminhado à mineradora são citados danos ambientais, sociais e humanos imensuráveis para a área em Brumadinho. O plano de ação deverá contar com um profissional especializado do Comando da Operação de Resgate dos Bombeiros e da Defesa Civil.
A companhia também precisará dispor de “equipe técnica qualificada, preferencialmente habilitada em manejo ecológico” ao realizar o trabalho de busca, resgate e cuidados dos animais.
Voluntários da ONG IDDA de Ouro Preto e Mariana, representantes de ONGs, instituições, ativistas, políticos eleitos pela causa Animal, que atuaram junto aos Bombeiros e Polícia Militar na tragédia de Mariana, que ocorreu em 2015, estão em Brumadinho para apurar de perto a situação dos animais que resistem atolados e sem resgate.
Nossa equipe tentou contato com a ONG para informações sobre os resgate dos animais. Acompanhe nas próximas edições do Jornal da Real (7h e 12h).
*A nota está disponível no Facebook, na página oficial do Prefeito