Artistas, comerciantes, donas de casa, profissionais liberais, crianças… Aos poucos, à noite, as ruas ouro-pretanas são ocupadas por pessoas de todos os estilos e com um propósito: dar continuidade a uma expressão artística que vem desde o século 18, em Minas Gerais, a confecção de tapetes de serragem.
Neste sábado (16/04), véspera da Páscoa, a partir das 20h, o trânsito será fechado em algumas ruas da antiga Vila Rica, para dar lugar a uma verdadeira festa de cores, fé e arte. E em mais um ano, a Fundação de Arte de Ouro Preto | FAOP irá contribuir e apoiar a tradição.
A Fundação idealizou tapetes que serão montados em frente às suas sedes nos bairros Rosário e Antônio Dias. No primeiro, na rua Getúlio Vargas, os desenhos foram inspirados no tema da Campanha da Fraternidade 2022: “Fraternidade e Educação”, e na Sociedade Musical Bom Jesus de Matozinhos, que este ano completa 90 anos de história. “Foi muito desafiador criar o desenho, uma vez que é importante entender de qual perspectiva ele será visto”, diz Gustavo Bastos, estagiário do Laboratório de Conservação e Restauro Jair Afonso Inácio (Labcor). Foi ele quem assumiu a tarefa de criar os elementos da Pomba, que representa o símbolo laico da paz e o “Divino Espírito Santo”, na perspectiva Cristã. Além disso, haverá o “livro” em homenagem à Campanha da Fraternidade e, por fim, as notas musicais, uma referência à tradicional banda de música ouro-pretana.
Por conta da homenagem ao grupo, o público que participar da montagem dos tapetes da rua Getúlio Vargas, altura do número 185, terão como trilha sonora o repertório da banda, cujos integrantes serão distribuídos entre as sacadas do prédio da Fundação.
O grupo promete um repertório ousado e alegre, que encantará a comunidade e visitantes que passarem por ali, marcando a retomada de suas apresentações presenciais.
A fundação resgata a tradição dos tapetes, junto à comunidade, desde o final da década de 60, período de sua inauguração. Por conta da pandemia, a festividade não aconteceu de forma aberta ao público nos dois últimos anos.
O presidente da Fundação, Jefferson da Fonseca, celebra o retorno dos tapetes pelas ruas da cidade. "A Faop, desde o seu surgimento, sempre contribuiu com essa importante manifestação artística e de fé. Estamos muito felizes com essa retomada. Seguimos juntos aos ouro-pretanos e visitantes em mais esse grande encontro".
Durante a Semana Santa, os tapetes multicoloridos chegam a ocupar até 4 quilômetros das ruas da cidade barroca. Mariana e Diamantina também mantêm a tradição, assim como outros lugares espalhados pelo Brasil.
A tradição de enfeitar as ruas para passagem de cortejos ou procissões se perde em uma linha do tempo. Não há origem determinada, mas pode ser relacionada, segundo pesquisadores, à entrada de Cristo em Jerusalém, quando a população cobriu as ruas com ramos para a sua passagem.
Em Ouro Preto, a confecção de tapetes devocionais remete à reinauguração da matriz do Pilar, no ano de 1733. A festividade, que ficou conhecida como “Triunfo Eucarístico”, foi incorporada e aplicada durante as liturgias das Semanas Santas e de outros eventos religiosos com o passar dos anos, como o Corpus Christi.
Atualmente, no “Sábado de Aleluia”, dia que antecede a Páscoa, a vizinhança se reúne nas ruas, unindo força e criatividade, para criar os desenhos no chão. Durante o processo, visitantes que chegam às casas das famílias para passar o feriado também são muito bem-vindos para contribuírem com a montagem.
Os desenhos, geralmente, podem ser feitos diretamente no chão, deixando a imaginação guiar, ou serem desenvolvidos anteriormente. Neste caso, os elementos gráficos são produzidos no papel. Em seguida, a ideia é transmitida para o chão muitas vezes com o auxílio de grandes formas de madeira, ferro, ou mesmo papelão.
No domingo de Páscoa, logo pela manhã, uma multidão de fiéis atravessa as ruas adornadas, em um momento conhecido como “Procissão da Ressureição”. A partir dos olhares e da atenção de quem passa por ali, os desenhos e a representação vão ganhando novos sentidos e se integrando à festividade.
Antônio de Araújo, coordenador da Assessoria Técnica de Promoção e Extensão da FAOP, ressalta a importância da expressão cultural para a cidade e o papel da Fundação de não só confeccionar seus tapetes, mas de apoiar toda a comunidade e os visitantes em uma grande força tarefa. “Neste ano, por exemplo, além de contribuir com os tapetes desenvolvidos pela nossa equipe, apoiaremos outros grupos que queiram desenvolver os seus tapetes, conta.
Em 2020, por conta da pandemia, a FAOP celebrou a tradição nas redes sociais, convidando os seguidores a compartilharem suas fotos e lembranças de anos anteriores por meio da hashtag “#MemóriaTapetesDevocionais”.
Já em 2021, a Fundação participou da criação e montagem de tapetes na Casa de Tomás Antônio Gonzaga, e do tapete exposto no alteamento da Praça Tiradentes, desenhado por Ana Célia Teixeira e montado por membros da Pastoral da Acolhida.
Ana Célia Teixeira, artista plástica e professora da Fundação, já foi a responsável pela criação de inúmeros desenhos que foram “injetados” nos tapetes de serragem ao longo dos anos. Inclusive, o do tapete produzido pela Fundação para integrar o estande da Secult-MG no WTM Latin America 2022, uma das principais feiras de turismo do mundo. “Estamos todos nos mobilizando e reunindo esforços que envolvem a comunidade, a prefeitura, as paróquias e os turistas. E isso traz uma alegria muito grande para a gente”, diz.
A Fundação disponibilizará serragem e outros materiais necessários, mas os moradores e visitantes também podem levar seus utensílios. A prefeitura de Ouro Preto geralmente distribui a serragem em alguns pontos das ruas que integram o percurso.
A arte de fazer tapetes é uma expressão coletiva em que as serragens dão formas aos desenhos que expressam a fé, a esperança e a criatividade. A FAOP é uma incentivadora da tradição de ornamentação das ruas com os tapetes devocionais, promovendo ações para a preservação da tradição há décadas.
Para isso, ela oferece palestras, cursos e oficinas abertas a toda a comunidade ouro-pretana ou de outros municípios. Além disso, o programa Tapete+Arte promove a tradição nos mais diversos espaços, como galerias, museus, espaços urbanos e outras cidades do país e do mundo, como aconteceu na França em 2012.
Na ocasião, Gabriela Rangel e César Teixeira representaram a Fundação no Mine d’Art en Sentier 2012. O evento foi uma residência artística promovida na região francesa de Nord-Pas de Calais. Os artistas ouro-pretanos foram convidados pela organização do evento para montarem os tapetes devocionais no Parque Natural Regional Scarpe-Escaut.
A Banda do Rosário está completando 90 anos em atividades ininterruptas, e ao longo das décadas esteve presente em muitas celebrações religiosas ou cívicas da cidade, sendo conhecida também como “Furiosa”. “Sempre foi uma banda que saiu pelas ruas de Ouro Preto com uma potência sonora muito grande”, explica o saxofonista Christian Guimarães sobre o apelido.
Christian já faz parte da banda há 14 anos, e garante que por lá, todos tocam por amor, já que se reúnem voluntariamente para ensaios e apresentações. Ele afirma ainda que a banda é aberta a todos e todas, dos 9 aos “80 e poucos” anos.
Sobre a homenagem à banda, ele se diz empolgado. “Eu já vi proposta da arte e adorei, estamos todos ansiosos para ver isso em cores. Será um tapete especial, tenho certeza que vai chamar muita atenção”
Artistas, comerciantes, donas de casa, profissionais liberais, crianças… Aos poucos, à noite, as ruas ouro-pretanas são ocupadas por pessoas de todos os estilos e com um propósito: dar continuidade a uma expressão artística que vem desde o século 18, em Minas Gerais, a confecção de tapetes de serragem.
Neste sábado (16/04), véspera da Páscoa, a partir das 20h, o trânsito será fechado em algumas ruas da antiga Vila Rica, para dar lugar a uma verdadeira festa de cores, fé e arte. E em mais um ano, a Fundação de Arte de Ouro Preto | FAOP irá contribuir e apoiar a tradição.
A Fundação idealizou tapetes que serão montados em frente às suas sedes nos bairros Rosário e Antônio Dias. No primeiro, na rua Getúlio Vargas, os desenhos foram inspirados no tema da Campanha da Fraternidade 2022: “Fraternidade e Educação”, e na Sociedade Musical Bom Jesus de Matozinhos, que este ano completa 90 anos de história. “Foi muito desafiador criar o desenho, uma vez que é importante entender de qual perspectiva ele será visto”, diz Gustavo Bastos, estagiário do Laboratório de Conservação e Restauro Jair Afonso Inácio (Labcor). Foi ele quem assumiu a tarefa de criar os elementos da Pomba, que representa o símbolo laico da paz e o “Divino Espírito Santo”, na perspectiva Cristã. Além disso, haverá o “livro” em homenagem à Campanha da Fraternidade e, por fim, as notas musicais, uma referência à tradicional banda de música ouro-pretana.
Por conta da homenagem ao grupo, o público que participar da montagem dos tapetes da rua Getúlio Vargas, altura do número 185, terão como trilha sonora o repertório da banda, cujos integrantes serão distribuídos entre as sacadas do prédio da Fundação.
O grupo promete um repertório ousado e alegre, que encantará a comunidade e visitantes que passarem por ali, marcando a retomada de suas apresentações presenciais.
A fundação resgata a tradição dos tapetes, junto à comunidade, desde o final da década de 60, período de sua inauguração. Por conta da pandemia, a festividade não aconteceu de forma aberta ao público nos dois últimos anos.
O presidente da Fundação, Jefferson da Fonseca, celebra o retorno dos tapetes pelas ruas da cidade. "A Faop, desde o seu surgimento, sempre contribuiu com essa importante manifestação artística e de fé. Estamos muito felizes com essa retomada. Seguimos juntos aos ouro-pretanos e visitantes em mais esse grande encontro".
Durante a Semana Santa, os tapetes multicoloridos chegam a ocupar até 4 quilômetros das ruas da cidade barroca. Mariana e Diamantina também mantêm a tradição, assim como outros lugares espalhados pelo Brasil.
A tradição de enfeitar as ruas para passagem de cortejos ou procissões se perde em uma linha do tempo. Não há origem determinada, mas pode ser relacionada, segundo pesquisadores, à entrada de Cristo em Jerusalém, quando a população cobriu as ruas com ramos para a sua passagem.
Em Ouro Preto, a confecção de tapetes devocionais remete à reinauguração da matriz do Pilar, no ano de 1733. A festividade, que ficou conhecida como “Triunfo Eucarístico”, foi incorporada e aplicada durante as liturgias das Semanas Santas e de outros eventos religiosos com o passar dos anos, como o Corpus Christi.
Atualmente, no “Sábado de Aleluia”, dia que antecede a Páscoa, a vizinhança se reúne nas ruas, unindo força e criatividade, para criar os desenhos no chão. Durante o processo, visitantes que chegam às casas das famílias para passar o feriado também são muito bem-vindos para contribuírem com a montagem.
Os desenhos, geralmente, podem ser feitos diretamente no chão, deixando a imaginação guiar, ou serem desenvolvidos anteriormente. Neste caso, os elementos gráficos são produzidos no papel. Em seguida, a ideia é transmitida para o chão muitas vezes com o auxílio de grandes formas de madeira, ferro, ou mesmo papelão.
No domingo de Páscoa, logo pela manhã, uma multidão de fiéis atravessa as ruas adornadas, em um momento conhecido como “Procissão da Ressureição”. A partir dos olhares e da atenção de quem passa por ali, os desenhos e a representação vão ganhando novos sentidos e se integrando à festividade.
Antônio de Araújo, coordenador da Assessoria Técnica de Promoção e Extensão da FAOP, ressalta a importância da expressão cultural para a cidade e o papel da Fundação de não só confeccionar seus tapetes, mas de apoiar toda a comunidade e os visitantes em uma grande força tarefa. “Neste ano, por exemplo, além de contribuir com os tapetes desenvolvidos pela nossa equipe, apoiaremos outros grupos que queiram desenvolver os seus tapetes, conta.
Em 2020, por conta da pandemia, a FAOP celebrou a tradição nas redes sociais, convidando os seguidores a compartilharem suas fotos e lembranças de anos anteriores por meio da hashtag “#MemóriaTapetesDevocionais”.
Já em 2021, a Fundação participou da criação e montagem de tapetes na Casa de Tomás Antônio Gonzaga, e do tapete exposto no alteamento da Praça Tiradentes, desenhado por Ana Célia Teixeira e montado por membros da Pastoral da Acolhida.
Ana Célia Teixeira, artista plástica e professora da Fundação, já foi a responsável pela criação de inúmeros desenhos que foram “injetados” nos tapetes de serragem ao longo dos anos. Inclusive, o do tapete produzido pela Fundação para integrar o estande da Secult-MG no WTM Latin America 2022, uma das principais feiras de turismo do mundo. “Estamos todos nos mobilizando e reunindo esforços que envolvem a comunidade, a prefeitura, as paróquias e os turistas. E isso traz uma alegria muito grande para a gente”, diz.
A Fundação disponibilizará serragem e outros materiais necessários, mas os moradores e visitantes também podem levar seus utensílios. A prefeitura de Ouro Preto geralmente distribui a serragem em alguns pontos das ruas que integram o percurso.
A arte de fazer tapetes é uma expressão coletiva em que as serragens dão formas aos desenhos que expressam a fé, a esperança e a criatividade. A FAOP é uma incentivadora da tradição de ornamentação das ruas com os tapetes devocionais, promovendo ações para a preservação da tradição há décadas.
Para isso, ela oferece palestras, cursos e oficinas abertas a toda a comunidade ouro-pretana ou de outros municípios. Além disso, o programa Tapete+Arte promove a tradição nos mais diversos espaços, como galerias, museus, espaços urbanos e outras cidades do país e do mundo, como aconteceu na França em 2012.
Na ocasião, Gabriela Rangel e César Teixeira representaram a Fundação no Mine d’Art en Sentier 2012. O evento foi uma residência artística promovida na região francesa de Nord-Pas de Calais. Os artistas ouro-pretanos foram convidados pela organização do evento para montarem os tapetes devocionais no Parque Natural Regional Scarpe-Escaut.
A Banda do Rosário está completando 90 anos em atividades ininterruptas, e ao longo das décadas esteve presente em muitas celebrações religiosas ou cívicas da cidade, sendo conhecida também como “Furiosa”. “Sempre foi uma banda que saiu pelas ruas de Ouro Preto com uma potência sonora muito grande”, explica o saxofonista Christian Guimarães sobre o apelido.
Christian já faz parte da banda há 14 anos, e garante que por lá, todos tocam por amor, já que se reúnem voluntariamente para ensaios e apresentações. Ele afirma ainda que a banda é aberta a todos e todas, dos 9 aos “80 e poucos” anos.
Sobre a homenagem à banda, ele se diz empolgado. “Eu já vi proposta da arte e adorei, estamos todos ansiosos para ver isso em cores. Será um tapete especial, tenho certeza que vai chamar muita atenção”