Por Hellen Perucci
Gislene Costa, de 39 anos, é dona de uma casa onde mora na Rua Projetada 10, em Antônio Pereira. Desde fevereiro deste ano, sua vida mudou completamente após o anúncio de que a mineradora Vale faria a remoção de mais 30 famílias em virtude das obras de descomissionamento da barragem de Doutor, que estava em nível dois de emergência. Daquele momento em diante, a rua caracterizada pela união dos moradores e pela tranquilidade virou um lugar de medo, tristeza e insegurança constantes para a residente e sua família.
Sua casa fica no início de uma travessa e agora é a última da rua. Ao menos 18 casas, de 21, foram evacuadas pela empresa e possuem a placa de “interditado”, o que significa que onde moravam vizinhos, agora existe o silêncio e tapumes. A casa de Duda, seu apelido, é a décima nona e está a um palmo de distância da Zona de Auto Salvamento da casa ao lado e 6,06 metros da casa a frente: “Uma rua em que retiram cerca de 18 famílias e deixam somente três, tira o seu vínculo com a vizinhança”, apontou a moradora que possui duas preocupações constantes: a proximidade de sua casa a mancha e as consequências de perder seus vizinhos.
A mais conhecida como “Rua 10”, sempre foi sinônimo de união. Pelo menos há 18 anos, tempo de seu matrimônio com Edison Alves dos Santos, sondador, 44, o que torna perceptível que seus filhos Evilyn, 16, e Enzo, 5, nasceram e cresceram com um forte vínculo com os vizinhos, que presenciaram o nascimento e o desenvolvimento deles. Em meio a lágrimas, a moradora contou para a Real FM que seu filho mais novo pede para ver as crianças com quem brincava e que sente saudades:
“Meu menino ficou sozinho, só ele e a casa acima da minha que não foi retirada, que também tem uma criança de cinco anos. Ficaram só os dois. Mas a rua era cheia de crianças, a gente montava cama elástica, era uma alegria das crianças, agora perdeu o vínculo, ele pergunta cadê as outras crianças, porque só sobrou ele e o filho da vizinha. E minha filha se isolou no mundo dela porque sai e não vê nada, não tem nada”
Além das consequências psicológicas causadas pelo silêncio e pela perda de vínculos, “não estou mais feliz aqui” conta, a ausência de vizinhos também preocupa a integridade física da família já que as casas evacuadas apresentam sinais de arrombamento:
“Pelas casas estarem vazias, todas estão destruídas, sem portas, sem janelas, a rua está escura. Eu preciso de sair, às vezes vou para a igreja e chego à noite e fico com medo de descer a rua, aqui no Pereira vem muitas pessoas de fora e você não conhece a índole de ninguém”, contou.
Outra preocupação é em relação a sujeira que se acumula no local, agora ocupado pelo silêncio. Duda registrou com seu celular a situação das casas que não passam por limpeza e afirmou o aumento do número de ratos e animais peçonhentos em sua casa, o que não era característico:
“Não tem segurança, tem muita sujeira, muito rato, muita barata, aranha. As casas estão todas destruídas: tiraram telhado, tiraram janelas, portas. Fora a sujeira que a gente tem que conviver, já matei até rato aqui em casa. Tenho que ficar com a casa toda fechada por medo desses animais peçonhentos”, expôs.
Gislene afirma que a empresa não a respondeu quando foi solicitada uma posição sobre a limpeza do interior das residências evacuadas e das consequências que isso pode trazer. E quanto à segurança, ela afirma que: “um carro passa às 8 horas da manhã e às 16 horas da tarde e depois acabou, ninguém vê eles mais”.
Até o fechamento desta matéria, a Vale e Defesa Civil não retornaram nosso contato.
Confira a denúncia da moradora, na íntegra, feita através de um post no Facebook:
“Bom dia a todos de Antônio Pereira Gostaria de deixar aqui um desabafo devido que eu estou sofrendo e o que eu estou vivendo aqui em Antônio Pereira depois que a Vale retirou as famílias da minha rua dando total de 18 famílias restando somente três famílias eu gostaria de saber cadê o presidente da Vale Vale só pensa no seus próprios interesses não quer saber se está prejudicando ou matando pessoas são bandidos assassinos tratados como autoridades uma empresa que Visa o capital o lucro acima de tudo por que mata pessoas como aconteceu em Brumadinho e que na Ótica de vocês não são ninguém é a ótica do capitalista do lucro acima de vidas simples assim a vale renda no País da impunidade e ainda é tratada como autoridade ao invés de ser tratada como bandidos e assassinos porque é isso que ela é a vale mente de dia mente tarde e mente de noite a Vale diz que está ajudando a comunidade de Antônio Pereira mentira faz tudo às escondidas porque ela está acostumada a colocar dinheiro acima de tudo e nós não temos dinheiro que nós não temos onde recorrer nós que somos cidadãos do bem vivemos como bandidos preso dentro das nossas próprias casas porque depois da remoção das famílias nós não podemos sair deixar nossa casa sozinha os nossos filhos sozinhos nós temos medo de sair e quando voltar não tem mas nada dentro das nossas casas mais devido essas casas vazias o perigo de alguém pegar mulheres e crianças e fazer alguma maldade a vale não tá nem aí para a comunidade Antônio Pereira ela só pensa no lucro dela nós estamos vivendo uma situação muito difícil devido a remoção e As casas estão vazias nós temos medo de sair à noite de casa eu estou aqui no pedido de socorro de Socorro porque o que nós estamos vivendo Nós não estamos mais vivendo felizes nós estamos oprimidos nós estamos tristes então nós pedimos Socorro para Antônio Pereira olha a situação das casas vazias de Antônio Pereira como vamos viver em meio a tanto descaso eu procurei alguns responsáveis da vale pra fazer a limpeza eles me disseram que desconhecia de onde eu estava falando isso e um absurdo com a comunidade Antônio pereira pede socorro.”
Por Hellen Perucci
Gislene Costa, de 39 anos, é dona de uma casa onde mora na Rua Projetada 10, em Antônio Pereira. Desde fevereiro deste ano, sua vida mudou completamente após o anúncio de que a mineradora Vale faria a remoção de mais 30 famílias em virtude das obras de descomissionamento da barragem de Doutor, que estava em nível dois de emergência. Daquele momento em diante, a rua caracterizada pela união dos moradores e pela tranquilidade virou um lugar de medo, tristeza e insegurança constantes para a residente e sua família.
Sua casa fica no início de uma travessa e agora é a última da rua. Ao menos 18 casas, de 21, foram evacuadas pela empresa e possuem a placa de “interditado”, o que significa que onde moravam vizinhos, agora existe o silêncio e tapumes. A casa de Duda, seu apelido, é a décima nona e está a um palmo de distância da Zona de Auto Salvamento da casa ao lado e 6,06 metros da casa a frente: “Uma rua em que retiram cerca de 18 famílias e deixam somente três, tira o seu vínculo com a vizinhança”, apontou a moradora que possui duas preocupações constantes: a proximidade de sua casa a mancha e as consequências de perder seus vizinhos.
A mais conhecida como “Rua 10”, sempre foi sinônimo de união. Pelo menos há 18 anos, tempo de seu matrimônio com Edison Alves dos Santos, sondador, 44, o que torna perceptível que seus filhos Evilyn, 16, e Enzo, 5, nasceram e cresceram com um forte vínculo com os vizinhos, que presenciaram o nascimento e o desenvolvimento deles. Em meio a lágrimas, a moradora contou para a Real FM que seu filho mais novo pede para ver as crianças com quem brincava e que sente saudades:
“Meu menino ficou sozinho, só ele e a casa acima da minha que não foi retirada, que também tem uma criança de cinco anos. Ficaram só os dois. Mas a rua era cheia de crianças, a gente montava cama elástica, era uma alegria das crianças, agora perdeu o vínculo, ele pergunta cadê as outras crianças, porque só sobrou ele e o filho da vizinha. E minha filha se isolou no mundo dela porque sai e não vê nada, não tem nada”
Além das consequências psicológicas causadas pelo silêncio e pela perda de vínculos, “não estou mais feliz aqui” conta, a ausência de vizinhos também preocupa a integridade física da família já que as casas evacuadas apresentam sinais de arrombamento:
“Pelas casas estarem vazias, todas estão destruídas, sem portas, sem janelas, a rua está escura. Eu preciso de sair, às vezes vou para a igreja e chego à noite e fico com medo de descer a rua, aqui no Pereira vem muitas pessoas de fora e você não conhece a índole de ninguém”, contou.
Outra preocupação é em relação a sujeira que se acumula no local, agora ocupado pelo silêncio. Duda registrou com seu celular a situação das casas que não passam por limpeza e afirmou o aumento do número de ratos e animais peçonhentos em sua casa, o que não era característico:
“Não tem segurança, tem muita sujeira, muito rato, muita barata, aranha. As casas estão todas destruídas: tiraram telhado, tiraram janelas, portas. Fora a sujeira que a gente tem que conviver, já matei até rato aqui em casa. Tenho que ficar com a casa toda fechada por medo desses animais peçonhentos”, expôs.
Gislene afirma que a empresa não a respondeu quando foi solicitada uma posição sobre a limpeza do interior das residências evacuadas e das consequências que isso pode trazer. E quanto à segurança, ela afirma que: “um carro passa às 8 horas da manhã e às 16 horas da tarde e depois acabou, ninguém vê eles mais”.
Até o fechamento desta matéria, a Vale e Defesa Civil não retornaram nosso contato.
Confira a denúncia da moradora, na íntegra, feita através de um post no Facebook:
“Bom dia a todos de Antônio Pereira Gostaria de deixar aqui um desabafo devido que eu estou sofrendo e o que eu estou vivendo aqui em Antônio Pereira depois que a Vale retirou as famílias da minha rua dando total de 18 famílias restando somente três famílias eu gostaria de saber cadê o presidente da Vale Vale só pensa no seus próprios interesses não quer saber se está prejudicando ou matando pessoas são bandidos assassinos tratados como autoridades uma empresa que Visa o capital o lucro acima de tudo por que mata pessoas como aconteceu em Brumadinho e que na Ótica de vocês não são ninguém é a ótica do capitalista do lucro acima de vidas simples assim a vale renda no País da impunidade e ainda é tratada como autoridade ao invés de ser tratada como bandidos e assassinos porque é isso que ela é a vale mente de dia mente tarde e mente de noite a Vale diz que está ajudando a comunidade de Antônio Pereira mentira faz tudo às escondidas porque ela está acostumada a colocar dinheiro acima de tudo e nós não temos dinheiro que nós não temos onde recorrer nós que somos cidadãos do bem vivemos como bandidos preso dentro das nossas próprias casas porque depois da remoção das famílias nós não podemos sair deixar nossa casa sozinha os nossos filhos sozinhos nós temos medo de sair e quando voltar não tem mas nada dentro das nossas casas mais devido essas casas vazias o perigo de alguém pegar mulheres e crianças e fazer alguma maldade a vale não tá nem aí para a comunidade Antônio Pereira ela só pensa no lucro dela nós estamos vivendo uma situação muito difícil devido a remoção e As casas estão vazias nós temos medo de sair à noite de casa eu estou aqui no pedido de socorro de Socorro porque o que nós estamos vivendo Nós não estamos mais vivendo felizes nós estamos oprimidos nós estamos tristes então nós pedimos Socorro para Antônio Pereira olha a situação das casas vazias de Antônio Pereira como vamos viver em meio a tanto descaso eu procurei alguns responsáveis da vale pra fazer a limpeza eles me disseram que desconhecia de onde eu estava falando isso e um absurdo com a comunidade Antônio pereira pede socorro.”